quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Temple Grandin - Tradutora Animal

Temple Grandin é autista. Porém, essa cientista venceu as barreiras e hoje leciona na Universidade do Colorado, EUA. Segundo ela, seu autismo teria lhe dado uma janela para o mundo mental dos bichos. " Animais e autistas pensam de um jeito parecido", diz.

Na adolescência, freqüentou uma escola especial para jovens com "problemas emocionais", na qual o contato com cavalos, era parte do currículo. Tratar dos bichos todos os dias lhe deu estabilidade emocional. "Os animais me salvaram", afirma ela.

Temple é portadora da síndrome de Asperger, uma das muitas condições de autismo A própria cientista descreve: sua mente funciona como uma sucessão de imagens ultra detalhadas. Falar sempre foi um sacrifício para Temple. O ponto aqui é uma memória detalhada em termos visuais. Pessoas normais vêem a floresta inteira - ela vê as árvores isoladamente.

Em humanos normais, tudo o que acontece nos 3 "cérebros" é amarrado e transformado num conjunto consistente em regiões especializadas do neocórtex. Os animais têm essa região muito pouco desenvolvida - mas nem sempre. As pessoas normais usam os lobos frontais e o neocórtex para criar uma visão "lógica" do mundo, num todo coerente. Os autistas têm lobos frontais perfeitamente normais, mas provavelmente não estão bem ligados ao resto do cérebro. O problema é a falta de evidências sólidas."

O que a mente animal tem a ver com isso tudo? Na prática, lobos frontais "desconectados" ou pequenos acabam dando resultados parecidos. Tanto animais quanto autistas vêem o mundo de forma muito mais imediata, fragmentada e baseada nos sentidos, dando atenção aos menores detalhe. Por isso é que, nas instalações de abate com problemas, os donos dificilmente sacavam o que estava deixando os bichos assustados, digamos. Era algum detalhe que os sentidos humanos normais deixavam passar. Porcos não queriam atravessar um piso metálico cheio de poças d''água com reflexos que eles achavam assustadores; vacas eram forçadas a sair de uma passagem escura para um pátio iluminado, ou vice-versa. Muitos dos casos envolviam um contraste brusco - para os sentidos dos animais.

A diferença é que o cérebro humano tem uma capacidade de filtrar detalhes do ambiente. Grande parte dos autistas, têm uma sensibilidade aguçada para as mudanças insignificantes, o que normalmente lhes causa muito desconforto - outro paralelo com a mente animal.

O mundo emocional dos bichos é outro indício de como seu cérebro e o dos autistas pode estar organizado de forma parecida. As emoções básicas de animais e pessoas são as mesmas: medo, raiva, curiosidade, atração sexual, ligação social ("amizade"). A diferença, é que a menor capacidade do cérebro animal para associar coisas ajudaria a manter essas coisas separadas. Bichos não têm relações de amor e ódio com alguém: se o seu cão te ama, ele te ama e ponto.

Animais também saltam com a maior facilidade de um momento de raiva para outro de tranqüilidade. O mesmo valeria para os humanos com autismo. Nessa falta de intimidade com as nuances emocionais pode estar a raiz da dificuldade que os autistas têm em se relacionar e se comunicar com outras pessoas.

Há também relatos de que pessoas com autismo, tal como muitos animais, têm uma percepção mais amena da dor física. Temple atribui isso a uma possível falta de conexão entre a dor e sentimentos como ansiedade e preocupação.

A memória fotográfica e a capacidade de perceber detalhes são só a ponta do iceberg. Simples ratos de laboratório parecem ter senso de humor e emitem sons que só poderiam ser classificados de riso; a complexidade do canto dos pássaros e das baleias dão um vislumbre de como a nossa própria linguagem pode ter evoluído. Ainda que a analogia com o autismo tenha seus problemas, as pontes entre nós e eles devem se tornar cada vez mais fortes.

Texto extraído do site SHVOONG

Um comentário:

  1. Olá, Marcelo. Bela história a dela. cada dia mais vemos provas de que os animais ajudam na construção de uma vida melhor para pessoas especiais. abraços

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