sábado, 20 de setembro de 2008

Autismo: método de sucesso chega a Portugal

Técnicos dedicam 25 a 40 horas por semana a cada criança, durante dois anos
Paula Lagarto, da Agência Lusa

Duas em cada cinco crianças autistas podem ultrapassar esse diagnóstico através de um método norte-americano de Análise Comportamental Aplicada, que será utilizado a partir do final do mês numa escola perto de Almada, escreve a Lusa.

Partindo da sua experiência de pai à procura de respostas, Carlos França conheceu no Natal de 2007 a escola ABC Real, localizada em Sacramento (Califórnia), e quase sete meses depois vê um desejo concretizado: aplicar em Portugal o método ABA (Applied Behaviour Analysis).

"No início do diagnóstico do meu filho houve um período de desorientação e procura de informação para descobrir algo. Nos Estados Unidos disseram-me que a altura ideal para uma intervenção teria sido aos 2 anos e meio/quatro", contou à Agência Lusa Carlos França.

Mesmo ultrapassada a "época de ouro", já que o filho tinha 9 anos e sabendo que não iria aproveitar os resultados do método a 100 por cento, este pai percebeu que poderia beneficiar outras crianças portuguesas e decidiu fundar uma escola para autistas e doentes com síndrome de Asperger.

A desembolso de mil euros mensais afastou alguns interessados, mas ainda assim este custo fica muito aquém do valor real por a escola norte-americana não cobrar pelos seus serviços fora da Califórnia e o Colégio Campo de Flores, onde funcionará a escola, ceder gratuitamente uma sala, explicou Carlos França.

Por isso, no futuro os entusiastas nacionais do ABA querem fazer crescer a experiência-piloto e angariar apoios, também para fazer diminuir os encargos dos pais.

A primeira escola de ABA na Europa Continental vai juntar 10 famílias, oriundas de vários pontos do país, tendo uma delas trocado Coimbra pela Sobreda da Caparica.

"Foi só com a boa vontade dos pais que foi possível trazer este método para Portugal, mas isso é também o mais importante, porque o Estado é lento a auxiliar", reforçou o presidente da escola "mãe" ABC Real, Joseph E. Morrow.

O ABA passa por integrar habitualmente crianças durante dois anos, mas o tempo de intervenção depende da gravidade dos problemas que afetam cada criança.

Resultados espetaculares

Comum é o trabalho intenso de 25 a 40 horas semanais de um técnico para cada criança, que pode levar a "resultados espetaculares" e fazer com que 40 por cento das crianças deixem de ter características autistas, segundo o norte-americano.

Todas as crianças autistas têm problemas de comunicação e metade não verbaliza, por isso o método ABA começa por ensinar os mais novos a pedirem aquilo que querem e necessitam, de forma a conseguir mais tarde integrá-los no ensino regular.

Aos pais, Joseph E. Morrow aconselha a estarem atentos a déficits na comunicação, a perceberem se as crianças apontam para o que querem e se os olham nos olhos, porque caso contrário poderão ter problemas de autismo.

"As crianças parecem ser surdas por não darem atenção", acrescentou à Lusa o norte-americano, referindo ainda que os pediatras não devem desvalorizar alguns sinais e dizer apenas que os problemas serão ultrapassados.

"Costuma lembrar-se que o Einstein começou a falar aos quatro anos. Mas como nos Estados Unidos, tal como em Portugal, há o ditado: mais vale prevenir que remediar", concluiu.

Notícia extraída do jornal on-line IOL Diário Portugal

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