- Não perderei tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente.
- Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade - argüiu o outro.
- Não posso - disse o companheiro, endurecido - sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos ganhar a aldeia próxima sem perda de tempo.
E avançou para diante, em largas passadas. O viajante de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos colocando-o paternalmente sobre o próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido. A chuva gelada caiu, metódica, pela noite a dentro, mas ele, segurando o valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava.
Com enorme surpresa, porém, não encontrou aí o colega que o precedera. Somente no dia seguinte, depois de minuciosa procura, foi encontrado o infeliz viajante, sem vida, à beira do caminho alagado. Seguindo à pressa e a sós, com a idéia egoísta de preservar-se, não resistiu à onda de frio e tombou encharcado, sem recursos para fazer face ao congelamento. Já o companheiro, recebendo em troca o calor da criança que sustentava junto ao próprio coração, superou os obstáculos da noite fria, guardando-se incólume de semelhante desastre.
Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo... Ajudando ao menino abandonado, ajudara a si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar, alcançando as bênçãos da salvação recíproca.
Um homem sozinho é simplesmente um adorno da solidão, mas aquele que coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum.
Autor desconhecido
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