sábado, 27 de setembro de 2008

Urubus e sabiás

"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."

Trecho extraído do livro Estórias de quem gosta de ensinar. Rubem Alves, São Paulo: Cortez, 1984. p. 61-2.

É incrível como em pleno século XXI ainda existam profissionais que se prendem aos seus velhos paradigmas e repelem com veemência as novas alternativas de tratamento para o autismo que lhes são apresentadas. Estou me referindo ao preconceito de certos profissionais a programas de tratamento como o Son-Rise, dietas nutricionais e tratamentos biomédicos, intervenções que são utilizadas amplamente nos Estados Unidos e Europa que possuem vários resultados positivos relatados pelos pais.

Talvez o problema seja realmente este, como podem os pais que não são possuidores de nenhuma formação acadêmica sugerir e divulgar tais tratamentos já que os mesmos não possuem nenhuma “comprovação científica”?

Alguns nos dizem para ser realistas e parar de tentar achar uma cura milagrosa, outros nos sugerem parar de pesquisar e estudar, pois esta área não nos compete. Será que teremos que esperar 10 ou 20 anos até que existam pesquisas conclusivas sobre estes tratamentos?

Nossos filhos merecem esperar por tanto tempo?

Fica a pergunta.

Sobre as abordagens:

Programa Son-Rise: Abordagem focada no desenvolvimento da interação social da criança, que uma vez conseguida facilitará o sucesso de outras abordagens tradicionais.

Dieta SGSC: Abordagem nutricional que retira da alimentação das crianças o glúten e a caseína. O glúten está presente no trigo, no centeio e na cevada e, a caseína, em derivados do leite. A teoria é que as proteínas no glúten e na caseína quebram-se no intestino, transformando-se em peptídeos tóxicos. A estrutura molecular destes peptídeos lembra a dos opiáceos (por exemplo, a heroína e morfina) e parece afetar o cérebro de forma similar aos narcóticos. Crianças com intolerância ao glúten e à caseína costumam “viciar-se” em alimentos que possuem estas proteínas.

Tratamentos Biomédicos: Abordagem que identifica se a criança tem problemas de saúde. Estes problemas poderão incluir uma necessidade crítica de vitaminas e minerais essenciais (por exemplo, vitaminas B6 com magnésio, Dimetilglicina, ou DMG e vitaminas A e C), problemas gastrointestinais (por exemplo, intestino permeável, supercrescimento de cândida e infecções virais), altos níveis de metais pesados e outras toxinas (por exemplo, mercúrio e chumbo), sensibilidades ou alergias a certos tipos de comida e outros. A maioria dos indivíduos autistas tem um ou mais destes problemas.

2 comentários:

  1. Oi, Marcelão!

    Você não tem noção do quanto eu tenho orgulho em tê-lo como irmão.
    Continue sua luta com coragem e determinação, buscando sempre os melhores recursos para ajudar Peu, pois agindo assim poderá ter certeza absoluta que irá conquistar Grandes Vitórias.
    Que Deus abençoe e ilumine sempre a sua jornada ao mundo de Peu, ajudando-o a despertar e ser muito mais feliz ao lado da família e dos amigos que tanto o amam.
    TE ADORO!

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  2. Tenho um filho de dois anos com diagnóstico de autismo.Ele já faz terapia com psicopedagoga, e fono, utiliza o programa ABA, teach, pecs...Está iniciando, porém realizei os exames nele mesmo sem a autorização e o apoio da pediatra que disse que não serviria de nada.Resultado: deu Candidas Albicans em excesso no intestino dele...a pediatra nada falou a respeito simplesmente ignorou os resultados.Porem ele vive gripando e quando precisa tomar antibióticos sempre tem diarréia...o intestino dele não funciona bem , ora tem prisão de ventre ora diarréia, cólicas...Gostaria de saber mais sobre tratammentos biomédicos, se puder me ajudar a respeito ficarei grata.Meu e mail é iracellelima@hotmail.com

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