sábado, 2 de agosto de 2008

Cegueira Mental - Teste Sally Ann

“Cegueira mental” refere-se a ser cego em relação à mente de outras pessoas. Significa que indivíduos com distúrbios do espectro do autismo têm grande dificuldade em entender o ponto de vista ou as idéias ou sentimentos alheios. Alguns pesquisadores denominaram isso de “Teoria da Mente” insuficiente, como taquigrafia para dizer que crianças com autismo têm entendimento precário do que outros pensam ou sentem: um entendimento precário da mente alheia. A Teoria da Mente (TOM) refere-se a nossa habilidade de fazer suposições precisas sobre o que os outros pensam ou sentem ou nos ajuda a prever o que farão. Trata-se de uma aptidão crucial para a vida em sociedade; e a cegueira mental causa problemas nesse ponto. Uma criança com autismo grave pode ter TOM totalmente enfraquecida, mas, na maioria das vezes, TOM apresenta atraso de desenvolvimento. Ou seja, crianças com distúrbios do espectro do autismo desenvolvem essas aptidões posteriormente e em menor grau do que as outras.


O teste Sally Ann

Simon Baron-Cohen foi o primeiro a usar o termo “cegueira mental” para explicar alguns dos problemas vivenciados por pessoas com distúrbios do espectro do autismo. Há também um teste muito simples que é, às vezes, usado como parte da avaliação de crianças mais jovens – o teste Sally Ann (Wimmer e Perner, 1983). Trata-se de uma forma direta de explicar a Teoria da Mente.



Crianças com TOM precária, ou cegueira mental, não entendem que Sally não sabe que a bolinha de gude passou do cesto para a caixa. Costumam responder que Sally olhará na caixa. Parecem confiar em sua experiência ou conhecimentos de onde a bolinha está sem levar em conta os conhecimentos ou experiência do outro. Não ver as coisas do ponto de vista de Sally, apenas do próprio. Cerca de 80% das crianças com quatro anos, em desenvolvimento, percebem que Sally acha que a bolinha está onde ela a deixou – no cesto. Apenas cerca de 20% de crianças com quatro anos, portadoras de autismo, dirão que Sally olhará no cesto.

Considerar o mundo do ponto de vista do outro parece ser muito difícil para a maioria dos indivíduos com transtorno do espetro autista. Se tentarmos imaginar a incapacidade de compreender como alguém se sente ou pensa ou de levar em conta seu ponto de vista, percebemos como o mundo deve parecer confuso e assustador e como as interações sociais devem ser difíceis. Portanto, não é nenhuma surpresa que jovens com autismo pareçam muito egoístas e tenham um comportamento distinto de outras crianças. Não é exatamente o mesmo que egoísmo. É o problema de compreender outras pessoas. Diz-se que crianças com transtorno do espectro autista tratam pessoas como objetos.

Como a cegueira mental se mostra no comportamento de nossas crianças com autismo?
Se uma criança mais jovem, que apresenta distúrbios do espectro do autismo, não tem compreensão dos pensamentos ou motivações de outrem, ela tem menor probabilidade de apresentar comportamentos que se comunicam com a mente do outro ou de levar em conta os pensamentos e sentimentos alheios.


Ela pode ter dificuldade em:

  • Apontar coisas para outros.
  • Estabelecer contato visual.
  • Seguir os olhos de outro indivíduo quando esse está falando sobre aquilo que estão olhando.
  • Usar gestos para comunicar-se.
  • Entender as emoções no rosto alheio.
  • Usar variação normal de expressões emocionais no próprio rosto.
  • Mostrar interesse em outras crianças.
  • Saber como envolver-se com outras crianças.
  • Manter-se calma quando se sente frustrada.
  • Entender que alguém pode ajudá-la.
  • Entender como os outros se sentem em algumas situações (por exemplo, irritado ou amedrontado).

Trecho extraído do livro Convivendo com Autismo e Síndrome de Asperger.

3 comentários:

  1. mas eu fiz isso com adultos normais e muitos diziam que na caixa!! qual é a explicação?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Significa que eles não prestaram atenção, não se concentraram no teste e responderam rapidamente, sem realizar uma análise da situação.

      Excluir
  2. parabens por este espaco. Esta excelente! E desculpa a falta de acento, meu pc esta desconfigurado!
    hehehehe
    Adorei sua forma de escrever, seu interesse e seu conteudo! Eu sou psicologa e trabalho com criancas com autismo, voce dispoe de email para conversamos e trocarmos figurinhas? :)
    tenho bastante material e adoro conversar sobre o tema!!!!
    meu email:
    laiskhoury@gmail.com

    ResponderExcluir

Peu cresceu e O Mundo de Peu também mudou.

Bem-vindo ao blog O Mundo de Peu! Olá, tudo bem? Meu nome é Marcelo Rodrigues, pai de Pedro (Peu), sou o criador do blog O Mund...