sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A falta da fala

Dentre os sintomas do espectro autista apresentados por Peu, o que mais nos preocupa é a falta da fala, ou melhor, o uso da fala para a comunicação. Mudo nós sabemos que ele não é, quando bebê balbuciava, cantarolava e até ensaiou falar papai e mamãe. Problemas auditivos ele também não apresenta, já nos certificamos disso através de exames, do mais simples quando recém-nascido ao mais sofisticado: PEA-TC (Potencial Evocado Auditivo do Tronco Cerebral).

Ao completar um ano, Peu dentre todos os priminhos que nasceram na mesma época era o único que ainda não falava, os meses foram passando e as palavras não saiam, todas as vezes que o levávamos a pediatra sempre ouvíamos as mesmas coisas dela: cada criança tem o seu tempo, os meninos falam mais tarde que as meninas, etc. Quando ele completou 18 meses o levamos a uma fonoaudióloga para tentar descobrir se existia alguma razão para o atraso da fala, também ouvimos dela as mesmas coisas, que não nos preocupássemos que muitas crianças demoram a falar e quando começam viram autênticos tagarelas, que ela também tinha um filho da mesma idade de Peu e não falava quase nada, nos deu algumas dicas para estimulação e pediu que aguardássemos até ele completar dois anos para poder então voltar lá, ou seja, de novo ficamos sem respostas.

Assim que Pedro aprendeu a andar ele começou a usar o seu corpo para poder comunicar alguma coisa que queria, o mais comum era nos pegar pela mão e nos levar para beber água, abrir uma porta, ligar a TV, dar-lhe comida, qualquer que fosse o seu objeto de desejo éramos puxados ou empurrados até ele. Fomos orientados a lhe indagar sobre o que queria para lhe forçar uma resposta, perguntávamos: - Pedro você quer água? Você quer beber água? Com a nossa insistência ou ele se irritava ou desistia naquele momento e voltava mais tarde. Até é hoje é assim – Peu está com três anos e meio – nos puxa pela mão para indicar o que quer, já fala algumas coisinhas como: PAPAAAI!!! Quando quer brincar comigo, MMMAMA quando quer chamar a mãe, QUIQUI, quando está apertado para fazer xixi, QUÉ, ÁGUA, COCÔ, (não preciso dizer o porquê), aos pouquinhos o seu vocabulário está aumentando. Às vezes ele fica angustiado querendo falar alguma coisa e dispara frases ininteligíveis, esse momento é muito doloroso para mim, pois percebo a sua frustração em não ser entendido. O trabalho com a fonoaudióloga já começou e acredito que em breve mais e mais palavras virão por aí.

Ficará mais fácil para nós entendermos o que se passa em sua cabeça quando ele puder falar o que está sentindo, expressar as suas emoções e vontades. Algumas noites eu sonho com ele conversando comigo, me fazendo perguntas e me contando suas traquinagens, isso para mim além de ser uma manifestação de um desejo é um sinal de que este dia está cada vez mais perto.

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