sábado, 26 de janeiro de 2008

Temple Grandin

Até os três anos e meio ela só se comunicou por intermédio de gritos, assobios e murmúrios. Já aos seis meses não se aninhava no colo da mãe: ficava rígida, rejeitava o corpo que queria abraçá-la. Em vez de argila ou massinha usava as próprias fezes para modelar. Podia ignorar sons altíssimos ou reagir com violência aos estalidos do celofane. O cheiro de uma flor podia deixá-la descontrolada ou fazê-la refugiar-se em seu mundo interior.

Temple Grandin é autista. Recebeu cedo esse diagnóstico. Mas seu grau de autismo não é o mais alto, e por isso o mundo que ela criou não parece com uma fortaleza inexpugnável. Temple se tornou uma profissional muito bem-sucedida. Projeta equipamentos e instalações para pecuária. Conheci Temple assistindo a uma reportagem do Globo Rural feita nos Estados Unidos sobre lida gentil, ela é uma doutora que veste roupas de cowboy, faz gestos largos, não liga para etiqueta e tem uma biografia cujo título justamente é “Uma Menina Estranha”. Temple já completou sessenta anos e com freqüência é chamada a programas de televisão e está sempre dando palestras para empresários, esportistas e até para astronautas. Ela ganhou um troféu da NASA.

“O astronauta é treinado para ter um pensamento lógico, seguir modelos matemáticos. Mas na hora em que ocorre uma falha no satélite e preciso até sair da nave, a abstração não é a melhor ferramenta. O que ajuda mais é o raciocínio visual" – contou Temple. Pensar não com palavras, mas com imagens. Criar um processo intelectual não com frases, mas com figuras, uma representação plástica como se a mente montasse um cineminha da realidade. É nesse tipo de mente visual que a doutora Temple Grandin se transformou na principal projetista de instalações para grandes rebanhos nos Estados Unidos. Os currais que desenha são redondos, pois para o gado é mais fácil seguir um caminho curvo: primeiro porque o desenho curvo “aproveita o comportamento natural do animal, que é descrever círculos”.

Temple faz uma analogia: é preciso trabalhar a favor das crianças autistas, ajudando-as a descobrir seus talentos ocultos e a se tornarem menos “estranhas”. Com a experiência própria de autista Temple tem muitas dicas para nos dar, começarei a postar essas dicas a partir hoje extraídas do livro "Uma Menina Estranha" sua autobiografia.

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